Deliciosa crônica de Humberto Werneck no jornal O Estado de S.Paulo, domingo (dia 24.02):
(...) Ainda que inteiro, o esqueleto de Dom Pedro estava lastimavelmente bagunçado - segundo leu Dona Alzira, de tanto que o chacoalharam, coitado, quando o trouxeram de Lisboa, em 1972. A embalagem com os despojos teria sofrido rudes sacolejos no trajeto pelas sucessivas capitais por onde passou triunfalmente. É dessa época a paixão (um pouco mais do que cívica, chego a desconfiar) de Dona Alzira pelo imperador. Ela se lembra de ter lido no Jornal da Tarde, dias a fio, o diário de bordo de um repórter que veio junto com os ossos de Dom Pedro num navio chamado Funchal. Fernando Portela, identifico eu. Isso, diz ela, e observa: meio irreverente, o moço, além de audacioso: em plena ditadura Medici, o danado conseguiu contar nas entrelinhas que a esposa de um ministro graúdo abandonou às pressas a mesa do almoço para lançar no oceano o conteúdo de seu estômago mareado. (...)
(...) Ainda que inteiro, o esqueleto de Dom Pedro estava lastimavelmente bagunçado - segundo leu Dona Alzira, de tanto que o chacoalharam, coitado, quando o trouxeram de Lisboa, em 1972. A embalagem com os despojos teria sofrido rudes sacolejos no trajeto pelas sucessivas capitais por onde passou triunfalmente. É dessa época a paixão (um pouco mais do que cívica, chego a desconfiar) de Dona Alzira pelo imperador. Ela se lembra de ter lido no Jornal da Tarde, dias a fio, o diário de bordo de um repórter que veio junto com os ossos de Dom Pedro num navio chamado Funchal. Fernando Portela, identifico eu. Isso, diz ela, e observa: meio irreverente, o moço, além de audacioso: em plena ditadura Medici, o danado conseguiu contar nas entrelinhas que a esposa de um ministro graúdo abandonou às pressas a mesa do almoço para lançar no oceano o conteúdo de seu estômago mareado. (...)
Para ler o texto na íntegra acesse o link do Estadão.
A reportagem de Fernando Portela está no livro "Violência e Repressão", Editora Símbolo, 1978 (esgotado).